Vivian Maier Blog Galeria 26

A história de vida e carreira de Vivian Maier é uma das mais interessantes do cenário da fotografia.

Pouco se sabe sobre sua infância. Apenas que nasceu em Nova Iorque, em 1926, viveu boa parte na França, e retornou aos EUA já no final da adolescência. Trabalhou por décadas como babá e cuidadora nas cidades de Nova York e Chicago, mas em seus horários de folga, passava o tempo fotografando as ruas. Fotografou consistentemente, criando mais de 100.000 negativos, mantedo-os sempre escondidos dos olhares de outras pessoas.

Até hoje, Vivian Maier é considerada uma figura enigmática, uma pessoa à frente do seu tempo, vista como independente numa época e sociedade extremamente machistas. Carregando sua câmera Rolleiflex, provavelmente causava estranheza aos homens, mas um olhar mais atento à sua vasta obra consegue reconhecer coragem, segurança e talento, que não passariam despercebidos pelo público. Afinal, como alguém que não estava inserida no campo da fotografia e não participava de cursos conseguia captar imagens com tanta técnica, tão interessantes e belas?

O tema recorrente de Maier era a fotografia de rua (street photography). Focava nas paisagens urbanas, registrando sobretudo mulheres, crianças, moradores de rua, bêbados e trabalhadores, mas também fazia retratos impactantes de mulheres belas, ricas e elegantes, freiras, jornaleiros, motoristas, marinheiros, vendedores.

Ao final da vida, Maier passava por dificuldades financeiras e era ajudada por amigos, alguns dos quais ela fora cuidadora. Morreu aos 83 anos, sozinha, num asilo. Seu talento e sua notável arte fotográfica foram descobertos apenas em 2009, um ano após a sua morte e de maneira muito intrigante:

John Malloof, um agente imobiliário e historiador de Chicago, procurava material para edição e lançamento de um livro sobre a história do seu bairro, e a editora exigia ao menos 200 fotos vintage de alta qualidade. O corretor percorreu casas de leilões, mercados, feiras, até que um dia arrematou, por 400 dólares, um lote com 30 mil negativos e 1600 rolos de filmes não revelados. Desacreditado, o acervo ficou guardado num armário por quase dois anos. Após mencionar a aquisição a amigos em jantares, a curiosidade o levou a abrir o material e postar algumas das fotos em seu blog pessoal (não visitado há meses) e no website fotográfico Flikr. As respostas e o tráfego foram extraordinários! Malloof passou a receber muitos questionamentos sobre a autora das fotografias e então passou a adquirir o máximo que conseguia da sua obra, fazendo pesquisas em outras casas de penhor e leilão de pequeno porte. Sua coleção chegou a 150 mil negativos e mais de 3000 fotos impressas.

A obra de Vivian Maier certamente transformou a vida de John Mallof. Ele ficou tão obcecado, que decidiu estudar fotografia e tentar reproduzir as fotos e o estilo de impressão utilizados por Maier à época. Atualmente, Malloof tem uma agenda disputadíssima, gerindo exposições, feiras, palestras e eventos em geral sobre a obra e a vida da artista.

Alcançando patamares ainda mais altos, foi lançado, em 2013, o documentário “A Fotografia Oculta de Vivian Maier” (Fiding Vivian Maier). Ela é reverenciada em todo o mundo da fotografia, e museus e galerias a expõem com pompa e grandes filas atualmente, comparando-a a Cartier-Bresson e Robert Frank, grandes nomes da fotografia de rua e urbana, mas sobressaindo-se por sua enigmática vida.

Quem ainda estiver interessado (tenho certeza que você está!) poderá ver o filme produzido por John Malloof, por meio do link https://youtu.be/8ZoYG1kgMNo, e também poderá conhecer a obra da artista ao visitar o site oficial de curadoria das obras da Vivian Maier, http://www.vivianmaier.com/.

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